sexta-feira, 11 de julho de 2008

Polícia Federal monitora gabinete de Gilmar Mendes no STF

A Polícia Federal monitorou o gabinete do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, a pedido do juiz federal Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo.
O presidente do STF foi responsável pelo habeas corpus que libertou o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, preso na Operação Satiagraha, da PF. E o juiz federal foi quem mandou prender novamente o banqueiro cerca de 10 horas depois que ele deixou a prisão.
Segundo o Painel, Mendes soube que estava sendo monitorado por uma desembargadora do TRF-3 (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo.
A PF tem em mãos um vídeo com imagens gravadas no Supremo na qual assessores da presidência conversam com advogados de Dantas.
A prisão preventiva de Dantas foi expedida pela 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo a pedido da PF e do Ministério Público Federal com base em documentos encontrados na casa dele na terça-feira. O depoimento de Hugo Chicaroni, também preso durante a operação, reforçou o pedido de prisão.
Segundo a Procuradoria, Chicaroni detalhou no depoimento à PF os preparativos da tentativa de suborno de um delegado federal para que o nome de Dantas e de integrantes da sua família fosse retirado de um inquérito da PF sobre supostas operações ilícitas.
Segundo a denúncia, o dinheiro teria sido oferecido ao delegado federal Vitor Hugo Rodrigues Alves por dois emissários de Dantas: Chicaroni e Humberto José da Rocha Braz --também conhecido por Guga--, assessor de Dantas e ex-diretor da Brasil Telecom, empresa que pertenceu ao grupo Opportunity. A defesa do banqueiro nega a acusação.
"Para o Ministério Público Federal, no entanto, diante do resultado da operação, não havia mais o que esperar, uma vez que na casa de Chicaroni no dia em que a Operação Satiagraha foi deflagrada a Polícia Federal apreendeu R$ 1,28 milhão. Além disso, em depoimento à Polícia Federal, na presença de seu advogado, Chicaroni detalhou os preparativos da corrupção", diz a Procuradoria em nota.
Após a prisão de Dantas, o advogado Nélio Machado, que defende o banqueiro, foi à PF para saber a situação de seu cliente. O advogado disse que "possivelmente" deve entrar com novo habeas corpus em favor de seu cliente, mas que primeiro pretende estudar o pedido de prisão preventiva que colocou o banqueiro novamente na carceragem.
"Não tenho conhecimento formal do depoimento de Chicaroni. Aliás, nem sei se esse é o nome dele. Tenho muita dúvida quanto a esse tipo de prova de delação premiada. Não acredito que esse seja o método correto de investigação", afirmou Machado, sobre o depoimento de Chicaroni, que continua preso.
A Operação Satiagraha investiga suposta prática dos crimes de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de divisas, formação de quadrilha e tráfico de influência para a obtenção de informações privilegiadas em operações financeiras.

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