Contrariando a Constituição Nacional e suas próprias palavras de "apreço e respeito pela imprensa e seus profissionais", o Governador de Minas Gerais, Aécio Neves, vem ressuscitando uma prática muito comum durante a ditadura militar no Brasil: perseguição política a jornais e jornalistas mineiros tem sido uma constante nos últimos meses. Denúncias têm sido encaminhadas à diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG), dando conta da interferência direta do governo no dia-a-dia das redações e ingerência nos assuntos internos de empresas de comunicação. Exemplos dessa interferência estão na censura de matérias do jornal Estado de Minas, censura à coluna de Cláudio Humberto, do Hoje em Dia, e demissões de jornalistas na TV Globo, Rede Minas e Rádio Itatiaia.
De acordo com o Juiz da Infância, Dr. Tarcísio Martins Costa, "matérias da Vara da Infância, que demonstravam descaso e insensibilidade do Estado não foram publicadas pelo jornal Estado de Minas, porque comprometiam a imagem do Governador. Estas matérias diziam respeito à violência, tráfico de drogas e aos cortes promovidos pelo Estado em convênios com entidades assistenciais, que comprometiam inclusive a alimentação de crianças e adolescentes." As manifestações populares de todos os tipos também têm sido boicotadas. Até o presidente da Associação dos Oficiais da PM e Corpo de Bombeiros do Estado bateu às portas do Sindicato dos Jornalistas denunciando a deturpação nas coberturas das manifestações de policiais.
Ainda seguindo os moldes do regime militar, Aécio Neves colocou sua própria irmã, Andréia Neves, para vigiar as redações dos jornais e emissoras de rádio e TV mineiras. Nenhum texto foi ao ar sem antes passar pelo crivo da irmã do governador. Um chefe de redação foi impedido de marcar entrevista com um sindicato. O mesmo se rebelou e pediu demissão.
Nem a poderosa Rede Globo resistiu às pressões do governador. Depois da série de matérias sobre a venda de crack a poucos metros do Departamento de Investigações da Polícia Civil, caso noticiado no Jornal Nacional, a Globo Minas teve que transferir seu diretor de Jornalismo para Alagoas, após um telefonema da irmã de Aécio para a sede da emissora.