terça-feira, 13 de outubro de 2009

O triunfo da beleza postiça

Concurso de Miss Cirurgia Plástica Hungria.
A hospedeira húngara de 22 anos fez este ano uma operação de aumento do seio na Hungria. A intervenção valeu-lhe a distinção da maior beleza falsa no seu país.

Budapeste recebeu, anteontem, o concurso de Miss Cirurgia Plástica Hungria, o que dizem ser uma antecâmara para um concurso internacional. As regras eram simples: ser húngara, ter mais de 18 anos e uma operação plástica feita no país (quem a tivesse feito no estrangeiro não podia participar). As aplicações de botox ou tratamentos abrasivos na pele não eram suficientes, a mudança tinha de ser efetiva.

Depois de várias semifinais, o júri elegeu a jovem Réka Urbán. A hospedeira cumpre este ano 23 anos e colocou implantes mamários há uns meses. A intervenção valeu-lhe o título de Miss Cirurgia Plástica Hungria, porque alegadamente "conjuga a beleza, a naturalidade e o bom gosto", contrariando a ideia de que o postiço tem de ser de mau gosto e exagerado. O prêmio foi um apartamento no centro de Budapeste.

A cada modelo estava associado um cirurgião, a manobra de marketing terá sido igualmente proveitosa, ou até mesmo superior, para a doutora Mária Czeglédi, responsável pelas novas medidas 87-63-87 de Reka. Diâmetros distribuídos por 1,75 metros e com o peso de 47 quilos, segundo dados da organização.

Em segundo e terceiro lugar ficaram Edina Kulcsar e Alexandra Horvath, com uma operação ao nariz e um facelift feitos em 2008 e 2009, respectivamente.

Segundo a organização do concurso, o evento serviu para desmistificar a cirurgia plástica num país onde é vista com "maus olhos". A prova serviu também como vingança das aspirantes a misses impedidas de entrar nos concursos por terem sido operadas.

A polêmica começou em 2004 quando a chinesa Yang Yuan foi expulsa do concurso de Miss Intercontinental por ter gasto aproximadamente 14 mil euros em cirurgias plásticas.

O júri alegou que ela não era "uma beleza natural, mas uma beleza construída pelo homem" e expulsou-a.

Os chineses, descontentes com o fato, promoveram o primeiro concurso internacional Miss Cirurgia Plástica, em 2004, mas não teve grande expressão.

Mais expressão teve o concurso que fazem todos os anos de Miss Feia, cujo prêmio é uma intervenção no valor de 17 mil euros, aproximadamente, em que reconstroem o rosto de quem ganha a prova.

Na Hungria como na China, os concursos de beleza são fenômenos recentes, porque eram considerados pelos regimes comunistas iniciativas de burgueses e práticas capitalistas decadentes.

Mas os tempos são outros. Atulamente, a Hungria é considerada como um dos destinos mais recomendados para o turismo hospitalar, dado as cirurgias serem muito mais baratas do que noutros países europeus. A China é das nações que mais dinheiro gasta em intervenções estéticas, aproximadamente 2, 4 mil milhões de euros por ano.

Fonte:http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Gente/Interior.aspx?content_id=1386815