quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um rochedo de lava a 500 anos-luz da Terra

Astrônomos descobriram o primeiro planeta rochoso fora do sistema solar, depois de mais de 70 horas de observação. O CoRoT-7b, localizado na direção da constelação de Unicórnio, tem uma densidade semelhante à Terra, mas não pode possuir vida, porque está demasiado próximo da sua estrela. A temperatura à superfície é de dois mil graus.



A 500 anos-luz da Terra, lá para os lados da constelação de Monoceros (Unicórnio), há uma estrela ligeiramente menor e mais nova que o Sol. Em seu redor, os astrônomos acabam de descobrir o primeiro planeta rochoso encontrado fora do sistema solar: o CoRoT-7b. "É a recompensa suprema, demos de caras com uma Terra", revelou à AFP Didier Queloz, do Observatório de Genebra.



"Nós basicamente também vivemos num rochedo", indicou à AP Artie Hartzes, diretor do Observatório de Thuringer, na Alemanha. "É o mais perto de algo como a Terra que encontramos até agora. Está apenas demasiado perto do seu sol", acrescentou.



"Está tão perto que pode parecer como o Inferno de Dante. Modelos teóricos sugerem que o planeta poderá ter lava e oceanos fervendo em sua superfície. Com estas condições extremas, este planeta não é definitivamente um local onde a vida se desenvolve", afirmou Queiroz. "É quente, estão a chamá-lo um planeta de lava."


A temperatura na superfície de CoRoT-7b deverá rondar os dois mil graus centígrados de dia e os duzentos graus negativos à noite, segundo os especialistas. O exoplaneta (nome dado aos planetas fora do sistema solar) está a apenas 2,5 milhões de quilometros da sua estrela - 23 vezes mais perto que Mercúrio do Sol. Completa a translação em apenas 20,4 horas.



Os astrônomos já encontraram 374 exoplanetas, mas a maioria são gigantes gasosos. "Mas como o CoRoT-7b é rochoso, então podemos imaginar que planetas parecidos, com uma massa três ou cinco vezes superior à da Terra, também o são", acrescentou, referindo que uma dezena destas "superterras" já foram descobertas.



Mas descobrir que este exoplaneta era rochoso, medindo com precisão a sua massa e densidade, não foi fácil. Recorde-se que se encontra a 500 anos-luz da Terra e que um ano-luz corresponde a cerca de 9500 mil milhões de quilómetros. Os astrônomos tiveram de analisar informações de 70 horas de observação, aproveitando o momento em que o planeta passa frente à sua estrela.



"Como a órbita do planeta está alinhada de forma que conseguimos ver quando atravessa a sua estrela - diz-se que está a transitar -, podemos medir de forma correta, e não apenas inferir, a massa do exoplaneta, o menor alguma vez medido", disseram em comunicado. Esta estrela tem pelo menos outro planeta um pouco maior, que não pode ser medido por não "transitar".

Fonte:http://dn.sapo.pt/inicio/ciencia/interior.aspx?content_id=1364645

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